Motivação



Em outubro de 2003, em São João de Meriti na Baixada Fluminense, um grupo de aproximadamente 20 jovens, vindos de diversos bairros do município começam a se reunir em torno de uma proposta de arte, cultura e participação social.

Embora tendo em maioria, jovens negros e negras, as discussões sobre identidade étnico-racial era sempre que possível evitada e/ou permeada por doloridas e silenciadas historias de preconceitos, racismos e auto negação, tanto para os negros e negras quando para os brancos e brancas participantes do grupo.

De uma maneira geral, as historias que instituíam a historia de cada um e cada uma, tinha como anterioridade ancestral a escravidão e toda resultante da visão preconceituosa e racista sobre os negros, sua cultura e uma proposição pseudo-cientifica de afirmação de sua incapacidade de transformação pessoal e social.

Assim o marco referencial propunha entender quem, como e porque se construiu essas historias, se existem outros sujeitos e contadores da historia, e qual seria o papel de cada um de nós contadores e fazedores de historias.

Por tanto, mobilizados por estas reflexões étnicos raciais, esses jovens, se confrontam com o reconhecimento de suas próprias trajetórias de auto-negação e, a percepção destes mesmos mecanismos negação de identidades e preconceito racial dentro das escolas públicas onde faziam oficinas de leituras

Na pesquisa com anciões percebem os saberes da tradição oral em contraste com o descaso com a chamada terceira idade. A dimensão da violência simbólica através da intolerância religiosa e os terreiros como espaços de resistência e pertencimento comunitário.

Após o término do projeto, os 15 participantes do espetáculo final, resolvem continuar as apresentações, reinventado espaços, discutindo direto à cidade, pesquisando elementos artísticos e culturais da cultura negra e suas manifestações na Baixada Fluminense.

Além das historias contadas de “memória afetiva” como na tradição oral, a companhia começar pesquisar livros, fazer leituras e montagem de espetáculos com historias dramatizadas.

A “contação de historias” torna-se a teia de comunicação e sinergia que integra técnicas circenses, musicas, capoeira, danças e folguedos de origens afro-brasileira

Assim surge a companhia, que vai se inspirar nos griôts africanos para seu projeto de contação, recolha e partilhamento das historias. No processo de formação continuada desenvolvem pesquisas referentes à contos da mitologia e diáspora africana no Brasil a partir do recolhimento de historias com anciões nas comunidades onde vivem e estudos de autores referenciais .

A partir disto, produzem rodas de historias, saraus e espetáculos pesquisando uma estética de releitura das tradições culturais diáspóricas com elementos narrativos verbo-gestuais contemporâneas da juventude.
A companhia de jovens Griôts tem se destacado pela inovação e pelo ineditismo de sua iniciativa na medida em que articula, em seu cotidiano de trabalho, técnicas teatrais, circenses e musicais com a prática dos griôts africanos.

Se reapropriando da história oral, seus espetáculos misturam referenciais culturais e artísticos brasileiros e africanos.

Esta antropofagia nas oficinas e no palco desperta, por parte dos jovens, um processo de descoberta de “outros” mundos culturais, distantes e familiares, possibilitando um horizonte de transformação de suas experiências pessoais.

Como mediadores de leitura, a companhia tem sido referencia para escolas publicas da região, desenvolvendo projetos de rodas de leituras com professores, crianças, adolescentes e jovens, dentro do espaço escolar, bibliotecas, espaços públicos e salas da companhia, contribuindo para melhoria da qualidade do ensino, formação de leitores e ampliação da leitura de mundo.

Oficinas durante o projeto com livros de Ana Maria Machado “Menina Bonita do Laço de fita”, “ O Baú de Historias” de Gail E. Haley “ Luana” de Aroldo Macedo. Ðuula a Mulher Canibal “ de Rogério Andrade Barbosa entre outros

Pierre Verger, Gilberto Freire, Nina Rodrigues, Reginaldo Prandi, Jose Beniste, Antonio Risério, Ney Lopes, Nina Ribeiro, Rogério Barbosa,Julio Emilio Brás, entreoutros )